Se, há cerca de duas décadas, branding era um conceito novo, que proporcionava uma visão renovada e complexa sobre como gerenciar uma marca, hoje, grande parte das empresas, independentemente do porte ou segmento, afirma possuir alguma iniciativa relacionada a branding. Mas, até que ponto estas iniciativas pontuais podem, de fato, ser chamadas de branding?
Podemos ir um pouco mais longe: até que ponto os profissionais e, consequentemente, as empresas percebem a extensão e a abrangência do que é branding nos dias de hoje e o que ele será no futuro?
Na verdade, o branding envolve as ações de gestão empresarial, marketing e design de forma conjunta e não isoladamente. Podemos definir branding como a contínua execução da estratégia do negócio e seus desdobramentos, como escolha de canais de venda, posicionamento mercadológico, estrutura de pessoas, extensão de linhas de produtos e criação de novas marcas. Apesar de estarem conscientes da necessidade de gestão da marca, conclui-se que as empresas ainda precisam entender que, muito mais do que um discurso ou de uma promessa, a marca é construída a partir da cultura organizacional e das práticas empresariais.
Toda empresa, a partir do momento em que é criada, possui um propósito. Seja para solucionar um problema e suprir uma demanda existente ou para se antecipar a uma necessidade futura do mercado, toda organização possui uma razão de existir. A partir da forma como este negócio é conduzido e com base nos valores e princípios que são disseminados e compartilhados internamente – de forma planejada ou não – é inevitável que a cultura organizacional se constitua. Por intermédio dos diversos pontos de contato da marca, tal cultura extrapola os limites da organização, permeando também a sociedade, que passará a ter uma percepção e/ou uma experiência em relação a esta marca.
A comunicação e as ações de relacionamento adotadas pelas companhias são poderosas ferramentas na construção de marca, já que expressam de forma verdadeira o que a empresa faz de fato, sem a pretensão de criar uma identidade ou de “vender” uma imagem dissonante da realidade.
No design, embalagens, logotipos, cores, formas, signos, todos os elementos que se desdobram a partir da dimensão visual de uma marca também fazem parte do branding. Eles são uma das formas da marca se expressar e carregam parte da cultura e da identidade da marca de qualquer empresa. No entanto, tão pouco podem ser considerados capazes de construir sozinhos a reputação de uma organização e de todas as suas marcas.
Há no mercado quem se refira ao branding como um tema exclusivamente ligado à comunicação ou ao design. Há, ainda, aqueles que já percebem a relação direta destas duas frentes com o branding, porém, não percebem que atualmente o branding vai além, devendo envolver a gestão empresarial e de pessoas. Trata-se do design alinhado à comunicação, comunicação alinhada à gestão, tendo como plataforma uma forte e enraizada cultura organizacional capaz de sustentar a estratégia do negócio.
Se hoje algumas empresas começam a considerar o branding com tamanha importância a ponto de criar departamentos específicos para conduzir a gestão de suas respectivas marcas, não há dúvidas que no futuro não haverá organização que não levará em conta o fato de que as questões relacionadas à marca deverão estar alinhadas às de gestão.